sábado, 14 de maio de 2016

A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A IMPORTÂNCIA DO INCENTIVO A LEITURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Parecida Roseli Pereira Da Silva 
Silvani Rodrigues Gamero
Simone Francisca Tassi
 
RESUMO
Buscou-se neste trabalho uma abordagem teórica sobre a importância da literatura infantil e os incentivos que devem ser propostos pelo educador á criança desde os primeiros anos de convivência no meio escolar para a formação futura de um cidadão leitor. Na educação infantil criança necessita de estímulos a sua imaginação, a linguagem e a fantasia que podem ser focados pelos livros.
Palavras-chave: Leitura, literatura infantil, desenvolvimento , educação infantil.
INTRODUÇÃO
            É importante na sala de aula, ou mesmo nas atividades diária que a criança participa enquanto frequenta a educação infantil a mesma tenha contato com materiais impressos, e também com a leitura de histórias infantis feita pelo professor. Pode ser considerado como uma fonte de desenvolvimento cognitivo e social da criança, pois nessa fase do desenvolvimento infantil aprende-se imitando, portanto estímulos constantes e ambientes preparados para a leitura, proporciona o letramento e atitudes que serão levadas além dos muros da escola pela criança.  Silva afirma que:
"bons livros poderão ser presentes e grandes fontes de prazer e conhecimento. Descobrir estes sentimentos desde bebezinhos, poderá ser uma excelente conquista para toda a vida." (1992, p.57).
            Esta pesquisa procura abordar de modo sucinto a importância que os estímulos propostos pela escola contribuem para o desenvolvimento infantil, na aquisição da linguagem, de conhecimentos, e na interação com a imaginação e criatividade da criança com o real e o imaginário. Sabemos também que é importante ambientes bem preparados e atividades elaboradas com objetivos que despertem o prazer em ter contatos com livros e histórias diariamente.
“A leitura para a criança não é, como às vezes se ouve, meio de evasão ou apenas compensação. É um modo de representação do real. Através de um "fingimento", o leitor re-age, re-avalia, experimenta as próprias emoções e reações”. (GOES,1990, p. 16)
O professor nesse contexto também deve ser um bom leitor, passar para o aluno o prazer que sente ao ter contato com os livros e a importância que o mesmo tem para a aprendizagem, mesmo que seja no principio da escolarização.
BREVE HISTÓRICO SOBRE A LITERATURA INFANTIL
Ainda no século XVII surgiram os primeiros livros voltados para a criança, que nessa época era vista pela sociedade e pela família como um adulto em miniatura, sem diferenciação dos eventos e atividades que os adultos participavam, contando também a literatura da época.
Com a ascensão de famílias burguesas, surgiu o conceito de infância, voltando olhares para as crianças na necessidade de criações especificas para suas características e gostos, ainda não concebida de forma lúdica.
“A nova valorização da infância gerou maior união familiar, mas igualmente os meios de controle do desenvolvimento intelectual da criança e manipulação de suas emoções. Literatura Infantil e escola, inventada a primeira e reformada a segunda, são convocadas a cumprir essa missão.” (ZILBERMAN 2003, p.15).
Quando o autor fala sobe as mudanças ocorridas segundo a valorização da infância, devemos comentar que na sociedade burguesa a união familiar, significava  buscar a garantia dos  bens familiares, onde a escola no seu papel deveria aplicar por meio da literatura infantil introduzir o controle intelectual da criança, e também de suas emoções, formando cidadãos segundo os ideais vigentes na sociedade burguesa da época. Em resumo a literatura infantil no seu principio, fora interpretada como instrumento que auxiliava a escola a moldar a criança de acordo com valores, ideais, e conceitos propostos pela sociedade, a fim de garantir o controle sobre o desenvolvimento da criança na reprodução do mundo adulto, de forma mais maleável.
            Os primeiros escritores infantis, surgiram na Europa, clássicos de Perrault, Irmãos Grimm, Andersen, Lewis Carrol, entre outros, sempre contextualizando contos de fadas, e o folclore.
“No Brasil a literatura infantil voltada para as crianças surgiu por meio de escritos de Monteiro Lobato, que abrira as portas para a imaginação, retratando a realidade brasileira, oportunizando as crianças o acesso sobre a cultura, os valores, e peculiaridades sobre a sociedade do país.” (Cunha, 2004).
            É considerado um visionário na literatura infantil, propôs quebrar os conceitos europeus conhecidos, em suas historias oportunizou possibilidades de imaginar, sonhar, criar e recriar, estimulando a percepção do leitor, sem se preocupar com opressões. A partir de então os livros infantis perderam o caráter moralista, e utilitário e passaram a ganhar características artísticas que renovaram a linguagem o modo de interpretar, renovando a linguagem e instigando o leitor a refletir sobre a leitura de forma positiva.
“É através de uma história que se pode descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outras regras, outra ética, outra ótica...É ficar sabendo história, filosofia, direito, política, sociologia, antropologia, etc. sem precisar saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula.” (ABRAMOVICH, 1997, p.17)
Atualmente a literatura infantil possui uma dimensão ampla, proporcionando a criança desenvolvimento emocional, cognitivo e social, possibilitando que a mesma reflita sobre o mundo, crie postura crítico-reflexivo através de indagações e interação verbal.
Quanto mais cedo a criança tem o contato com a leitura, constrói seus significados, compreensão de mundo, compreendendo o que lê, e valorizando a leitura prazerosa.
            Na educação infantil a leitura é feita pelo outro, não é entendida por decodificação e codificação, é transmitida pelo prazer, pela interpretação, e o gosto do outro que o faz, assim a criança cria gosto pelo ouvir desde cedo.
“Muitos estudos foram realizados, sobre o desenvolvimento da criança.  desde os primeiros anos na educação infantil, no "cuidar e educar " a leitura estimula a criança a desenvolver percepções, imaginações, por meio de livros próprios para cada fase.” (Bakthin,1992)
OS ESTÁGIOS PSICOLÓGICOS DA CRIANÇA 
            Em relação aos estágios em que a criança passa até o seu desenvolvimento pleno, a construção é feita por fases que indica o amadurecimento psíquico, intelectual e afetivo. Entende-se que dentro dessas cinco categorias do desenvolvimento da criança, é necessário a utilização de livros voltados para cada fase. Os estágios psicológicos devem ser sempre observados e respeitados tanto pela escola quanto pelos pais, pois por meio dessas observações são encontradas as características da idade e do amadurecimento.
            Fase do pré-leitor (15/17 meses a 3 anos), nesta fase a criança esta no principio da sua relação com o mundo, através do tato e contatos afetivos. Livros devem ser usados com materiais diferenciados, com  texturas diversas, estimulando o manuseio, e contato com o livro.Esta fase é também marcada pela aquisição da linguagem, nomeando tudo que esta a sua volta, então a leitura deve ser encarada como estímulos constante, representando  figuras falando seus nomes interagindo sempre com a criança.
            Temos então a segunda infância, (2/3 anos) a criança tem mais domínio da linguagem verbal, relaciona-se com o mundo, demonstra interesse pelas brincadeiras lúdicas com o livro, conteúdo de humor, mistério, são indicados para esta fase do leitor. Histórias que tratam sobre o contexto familiar também chamam a atenção das crianças.
            Leitor iniciante (6/7 anos) as crianças começam a se apropriar da decodificação  dos símbolos, necessita de auxilio do adulto em algumas ocasiões, os livros devem ter linguagem simples, imagens  representando sentimentos, valores e comportamentos, devem ser engraçadas e ter começo, meio e fim.
            Leitor em processo (8/9 anos), com desenvolvimento mais avançado a criança já realiza operações e desafios, gosta de leituras curtas, divertidas, satíricas e que tenham algum acontecimento inesperado. O titulo deve chamar a atenção do leitor provocando a sua curiosidade.
            Leitor fluente (10/11 anos) com a leitura é baseada na concentração, compreende e faz relação do mundo com o conteúdo do livro. Possui a capacidade de abstração, que resulta em sentimentos de poder interior, reflexão e critica sobre o mundo a sua volta. Possui interesse por livros que relatam historias sobre heróis e heroínas que lutam pelos ideais, é interessante que tenham contato com livros que possam ampliar palavras de seu vocabulário, por meio de textos mais elaborados,onde as imagens já não tem mais a figura central do livro, porém são interessantes para o leitor. (Coelho, 2002)
            Leitor crítico, (a partir dos 12/13 anos) possui domínio total da linguagem e da escrita. Possui capacidade de reflexão e critica. É a fase marcada pela adolescência, deve ser estimulado pela escola e família a frequentar espaços culturais, que fazem relação com a leitura, tais como bibliotecas, livrarias, indicações que ajudam a tornar um hábito a leitura de livros.
A IMPORTANCIA DAS HISTORIAS NA EDUCAÇAO INFANTIL
            A literatura infantil cumpre o papel de interter, divertir e principalmente formar crianças que tenham a compreensão de mundo por meio de experiências oferecidas pela leitura prazerosa.
            Diariamente devem ser estimuladas em seu desenvolvimento através de leituras e informações, na escola é importante a utilização de livros e a leitura dentro da rotina das atividades, assim é possível criar o gosto pela leitura oferecendo os livros adequados que chamem a sua atenção.
“O ouvir é algo que faz parte da vida criança, pois sabemos que desde bebê a voz através das canções, o acalento, são constantes em seu cotidiano, com o passar dos anos, na escola o aluno convive com as cantigas de roda, as narrativas, as historias, as atividades de oralidade feita pelo professor, sempre transmitindo emoções, sentimentos, em busca do desenvolvimento da imaginação infantil. A interação, o gosto por determinadas histórias vão surgindo gradativamente, destacando o vinculo afetivo da criança e o narrador.” (Sandroni & Machado,1998).
Outro fator que complementa a importância de leituras no contexto escolar, é a possibilidade do aluno manusear e folhear o livro, onde a mesma cria na sua imaginação a recontagem da historia segundo a sua memória auditiva, e percebe a fantasia tomar formas entre letras e desenhos.
            A imaginação é instigada através da criatividade, e o professor que trabalha  utilizando livros infantis dos mais diversos temas, gêneros, com variações de figuras e vocabulário, proporciona desenvolvimento á criança em todos os sentidos: emocional, social, sensorial, cognitivo, critico, captados diariamente através de gestos, expressões, tons de voz, possibilitando a construção de diversos saberes. A linguagem da criança também sofre influencia desses fatores supracitados, temos então o enriquecimento do conhecimento do senso comum das crianças, ou melhor conhecimento de mundo, contextualizando o real com o imaginário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Diante desse ensaio sobre a importância que a leitura representa no desenvolvimento da criança desde sua iniciação na educação infantil, cabe ressaltar que a mesma deve constar na rotina da criança, e também estar presente em diversos ambientes da escola, através de cartazes, figuras que representam expressões, cantinhos de leitura na sala de aula, e espaços destinados a leitura nos outros ambientes da escola. Desde cedo a criança que  tem contato com a língua escrita, esta desenvolvendo a imaginação, concentração, memória, atenção, sem contar a aquisição de novas palavras no vocabulário, e as descobertas do mundo através dos sentimentos e emoções passadas pelos livros.
            Todos fatores são importantes para o estimulo na formação de um bom leitor, que faz uso da leitura no cotidiano, fazendo-se critico na sociedade, bem como ampliando cada vez mais o horizontes do seu conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOVICH, F. Literatura Infantil: gostosuras e bobices. 4.ed. São Paulo: Scipione, 1997.
BAKHTIN, M. V. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
COELHO, N. N. Literatura Infantil: Teoria, Análise, Didática. 7.ed. São Paulo: Moderna, 2000.
CUNHA, A. A. M. Literatura Infantil: teoria e prática. 18. ed. São Paulo: Ática, 2004.
GÓES, L. P. A aventura da Literatura para crianças. São Paulo: Melhoramentos, 1990.
SANDRONI, L. C.; MACHADO, L. R.(orgs). A criança e o livro: Guia prático de estímulo à leitura. 4ª ed. São Paulo: Ática, 1998.
SILVA, A. A. Literatura para Bebês. Pátio. São Paulo, n.25, p. 57-59, Fev/Abr.2003.


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